Imagens mostram governador Arruda recebendo dinheiro
Advogado do governador disse que o dinheiro foi usado para comprar panetones distribuídos a pessoas carentes
Político é candidato à reeleição no próximo ano
Ainda de acordo com o telejornal, ao receber um pacote, Arruda mostra preocupação em andar com o dinheiro e pede que um assessor leve ao seu carro.
Em outro vídeo exibido pelo “Jornal Nacional”, o assessor Omézio Pontes e o ex-chefe de gabinete de Arruda Domingos Lamoglia aparecem recebendo quatro maços de dinheiro.
Em resposta ao telejornal, o advogado do governador, José Gerardo Grossi, disse que o dinheiro foi usado para comprar panetones distribuídos a pessoas carentes.
Operação Pandora
A ação dos policiais resultou na apreensão de documentos e computadores em gabinetes, casas de deputados distritais, secretários do governo e até no anexo da residência oficial do governador do Distrito Federal, que fica na cidade-satélite de Águas Claras, a 20 quilômetros do Plano Piloto.
Exonerados
Arruda determinou a exoneração do secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do governador.
Durval trabalhou infiltrado no governo de Arruda depois de fazer o acordo de delação premiada. Com equipamento de escuta sob as roupas, Durval conseguiu captar diversas conversas que baseiam o inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que investiga a distribuição de propina a parlamentares e integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF).
Além de exonerar Durval, o governador determinou o afastamento do cargo, até a conclusão das investigações, do secretário de Educação, José Luiz Valente; do chefe da Casa Civil do Governo do Distrito Federal (GDF), José Geraldo Maciel; do chefe de gabinete da governadoria, Fábio Simão; e do assessor de imprensa Omézio Pontes, que são alvo da investigação da Polícia Federal.
Investigação
A deputada distrital Érika Kokay (PT-DF) disse que o Partido dos Trabalhadores (PT) apresentará, na terça-feira (1), à Câmara Legislativa do Distrito Federal, requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de corrupção do governo do Distrito Federal (GDF), feitas a partir da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (27).
“Investigar não é prejulgar”, disse a deputada distrital durante reunião extraordinária realizada neste sábado (28). Ela lembrou que a comissão não tem condições de dar início à CPI. Para Érika as denúncias são “de gravidade profunda”, até por conter gravações do governador recebendo dinheiro supostamente originário de propina.
“Não é à toa que ele (governador Arruda) demitiu ontem quatro secretários. Isso significa uma postura do governador de afastar pessoas a partir de denúncias, sendo que ele está mais envolvido que os secretários”, argumentou a deputada.
A proposta não teve repercussão entre os deputados mais ligados à base do governo local. “Qualquer ação no sentido de abrir uma CPI é prematura”, contrapôs Batista das Cooperativas (PRP). “Precisamos ter conhecimento inteiro dos fatos antes de tomar as decisões”, disse o presidente da comissão de ética, Bispo Renato Andrade.
“Há um vídeo mostrando o governador recebendo dinheiro. Se isso não é motivo para instalarmos uma CPI, o que mais seria”, questionou Érika. “No próximo dia 16, terá início o recesso parlamentar. Teremos duas semanas de trabalho. Se tivermos de esperar a comprovação da PF e do Ministério Público, vamos terminar o ano sem dar resposta a nossa decisão de investigar”.
Ela esclareceu que sua proposta é lançar mão dos instrumentos de que a Casa dispõe para investigar as denúncias. "Temos de cumprir nosso papel de fiscalizar o Executivo. Além disso só a Câmara Legislativa tem poder para investigar o governador por crime de responsabilidade, e para isso não é necessário que, antes, tenhamos acesso a todo o teor do inquérito”.
Segundo a deputada, há mais instrumentos, indícios e até de materialidade necessários para isso. "Já abrimos CPIs em função de denúncias e de até mesmo a partir de denúncias feitas por uma pessoa apenas. Nesse caso temos um inquérito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e de um inquérito da PF”.
Para o presidente da comissão, Bispo Renato Andrade, “não é a hora de propor a CPI, porque o debate precisa ser mais amplo”. Ele recusou-se a responder a jornalistas se ainda acreditava no governador Arruda.
Tão logo terminou a reunião da Comissão de Técnica, a Mesa Diretora da Cãmara Legislativa começou a discutir a posição que adotará sobre o assunto.
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