quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Arruda recebendo dinheiro

Imagens mostram governador Arruda recebendo dinheiro

Advogado do governador disse que o dinheiro foi usado para comprar panetones distribuídos a pessoas carentes

Da Redação, com agências
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Político é candidato à reeleição no próximo ano
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Uma câmera escondida em gabinete do governo do Distrito Federal registrou um encontro do então presidente da Companhia de Planejamento do DF, Durval Barbosa, com José Roberto Arruda, na época candidato a governador. A cena, exibida pelo “Jornal Nacional”, mostra Durval entregando um maço de dinheiro a Arruda.

Ainda de acordo com o telejornal, ao receber um pacote, Arruda mostra preocupação em andar com o dinheiro e pede que um assessor leve ao seu carro.

Em outro vídeo exibido pelo “Jornal Nacional”, o assessor Omézio Pontes e o ex-chefe de gabinete de Arruda Domingos Lamoglia aparecem recebendo quatro maços de dinheiro.

Em resposta ao telejornal, o advogado do governador, José Gerardo Grossi, disse que o dinheiro foi usado para comprar panetones distribuídos a pessoas carentes.

Operação Pandora
A ação dos policiais resultou na apreensão de documentos e computadores em gabinetes, casas de deputados distritais, secretários do governo e até no anexo da residência oficial do governador do Distrito Federal, que fica na cidade-satélite de Águas Claras, a 20 quilômetros do Plano Piloto.

Exonerados
Arruda determinou a exoneração do secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do governador.

Durval trabalhou infiltrado no governo de Arruda depois de fazer o acordo de delação premiada. Com equipamento de escuta sob as roupas, Durval conseguiu captar diversas conversas que baseiam o inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que investiga a distribuição de propina a parlamentares e integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF).

Além de exonerar Durval, o governador determinou o afastamento do cargo, até a conclusão das investigações, do secretário de Educação, José Luiz Valente; do chefe da Casa Civil do Governo do Distrito Federal (GDF), José Geraldo Maciel; do chefe de gabinete da governadoria, Fábio Simão; e do assessor de imprensa Omézio Pontes, que são alvo da investigação da Polícia Federal.

Investigação
A deputada distrital Érika Kokay (PT-DF) disse que o Partido dos Trabalhadores (PT) apresentará, na terça-feira (1), à Câmara Legislativa do Distrito Federal, requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de corrupção do governo do Distrito Federal (GDF), feitas a partir da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (27).

“Investigar não é prejulgar”, disse a deputada distrital durante reunião extraordinária realizada neste sábado (28). Ela lembrou que a comissão não tem condições de dar início à CPI. Para Érika as denúncias são “de gravidade profunda”, até por conter gravações do governador recebendo dinheiro supostamente originário de propina.

“Não é à toa que ele (governador Arruda) demitiu ontem quatro secretários. Isso significa uma postura do governador de afastar pessoas a partir de denúncias, sendo que ele está mais envolvido que os secretários”, argumentou a deputada.

A proposta não teve repercussão entre os deputados mais ligados à base do governo local. “Qualquer ação no sentido de abrir uma CPI é prematura”, contrapôs Batista das Cooperativas (PRP). “Precisamos ter conhecimento inteiro dos fatos antes de tomar as decisões”, disse o presidente da comissão de ética, Bispo Renato Andrade.

“Há um vídeo mostrando o governador recebendo dinheiro. Se isso não é motivo para instalarmos uma CPI, o que mais seria”, questionou Érika. “No próximo dia 16, terá início o recesso parlamentar. Teremos duas semanas de trabalho. Se tivermos de esperar a comprovação da PF e do Ministério Público, vamos terminar o ano sem dar resposta a nossa decisão de investigar”.

Ela esclareceu que sua proposta é lançar mão dos instrumentos de que a Casa dispõe para investigar as denúncias. "Temos de cumprir nosso papel de fiscalizar o Executivo. Além disso só a Câmara Legislativa tem poder para investigar o governador por crime de responsabilidade, e para isso não é necessário que, antes, tenhamos acesso a todo o teor do inquérito”.

Segundo a deputada, há mais instrumentos, indícios e até de materialidade necessários para isso. "Já abrimos CPIs em função de denúncias e de até mesmo a partir de denúncias feitas por uma pessoa apenas. Nesse caso temos um inquérito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e de um inquérito da PF”.

Para o presidente da comissão, Bispo Renato Andrade, “não é a hora de propor a CPI, porque o debate precisa ser mais amplo”. Ele recusou-se a responder a jornalistas se ainda acreditava no governador Arruda.

Tão logo terminou a reunião da Comissão de Técnica, a Mesa Diretora da Cãmara Legislativa começou a discutir a posição que adotará sobre o assunto.

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