segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Filho de Sarney retira ação contra jornal

19 de dezembro de 2009 | N° 16191AlertaVoltar para a edição de hoje
DEPOIS DA CENSURA
Filho de Sarney retira ação contra jornal
O Estado de S.Paulo aponta “efeito midiático” na decisão do empresário

Há 140 dias sob censura, o jornal O Estado de S.Paulo está liberado para publicar matérias sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal. As investigações apuram suspeitas contra o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Fernando anunciou ontem que desistiu da ação contra o jornal.

Fernando havia obtido uma liminar que impedia o jornal de publicar reportagens sobre a operação, que investiga suspeitas de ilegalidade em movimentações financeiras feitas por empresas da família Sarney na campanha eleitoral de 2006 no Maranhão.

O empresário foi indiciado no dia 15 de julho deste ano por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O processo tramita no Tribunal de Justiça do Maranhão. O empresário nega as acusações.

O jornal O Estado de S. Paulo está sob censura desde 31 de julho, a partir de uma determinação do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Ao justificar o motivo de ter recorrido à Justiça contra o jornal, Fernando Sarney disse que tentou proteger seus direitos individuais. “Infelizmente, este gesto cidadão teve, independente de minha vontade, interpretação equívoca de restringir a liberdade de imprensa, o que jamais poderia ser meu objetivo”, afirmou ele em nota.

O empresário afirma que desistiu da ação para reafirmar defesa da liberdade de imprensa. “Para reafirmar minha convicção e jamais restar qualquer dúvida sobre ela, resolvi tomar esta atitude, considerando que a liberdade de imprensa é um patrimônio da democracia e que jamais tive desejo de fazer qualquer censura a seu exercício”.

Empresa ainda não definiu se encerra disputa judicial

A diretora jurídica do Grupo Estado, Mariana Uemura Sampaio, considerou a iniciativa do empresário uma ação de “efeito midiático”. Ela diz que somente em janeiro a empresa definirá se aceita ou não o fim da disputa judicial.

– O anúncio de desistência da ação teve apenas efeito midiático, pois não suspendeu a censura imposta ao Grupo Estado – afirmou.

A diretora jurídica diz que, em função do recesso forense, O Estado de S.Paulo só poderá se manifestar a partir de 7 janeiro, quando o Judiciário retoma os trabalhos. Até lá o jornal continuará sob censura, de acordo com a lei vigente.

Brasília
A polêmica
A BOI BARRICA
A censura impedia O Estado de S.Paulo de publicar matérias sobre operação da PF
- Deflagrada pela Polícia Federal, a operação investiga suspeitas de ilegalidades em movimentações financeiras feitas por empresas da família Sarney na campanha de 2006 no Maranhão. Outros inquéritos foram abertos a partir das investigações
A ATUAÇÃO DE FERNANDO SARNEY
- O filho do presidente do Senado foi indiciado por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Outras pessoas também foram indiciadas, incluindo a mulher de Fernando, Teresa Murad.
A CENSURA
- O jornal estava sob censura desde 31 de julho, determinada pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
- Ontem, Fernando retirou a ação que movia contra o jornal de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário